15.8.09

Parte #4

BRUCE - Você é como o resto.

HILDY - Claro que sou.

WALTER - O quê? Não, deixe a história do galo. Tem interesse humano.

HILDY - Só quero saber uma coisa. Nome da primeira esposa do prefeito.

WALTER - A da verruga? Fanny.

BRUCE - Acho que você nunca me amou.

HILDY - Você não trabalha com publicidade.

BRUCE - Se mudar de idéia. Parto no trem das 21 h.

HILDY - Não tente me mudar. Sou um "homem da imprensa".

Bruce pega suas coisas e sai, fechando a porta.

WALTER - Seja o mais rápida possível.

Earl tenta sair da escrivaninha.

WALTER - Entre aí, sua tartaruga! (ao telefone) Duffy, mandou Butch vir de táxi? É caso de vida ou morte. Ótimo. Só temos de esperar 15 minutos.

HILDY - Os rapazes voltarão para ligar.

WALTER - Eu cuido deles. O que já escreveu?

HILDY - "Enquanto atiradores do xerife Hartwell acertavam inocentes espalhando terror, Williams..."

WALTER - Espere aí! Não vai mencionar o "Post"?

HILDY - Mencionei. No 2° parágrafo.

WALTER - Quem vai ler? Há 10 anos digo como se escreve, e é isso que recebo?

HILDY - Sinto muito.

Walter abre a escrivaninha e deixa entrar um pouco de ar.

EARL - A lua apareceu!

WALTER - Ótimo. Três batidas, sou eu. Tem ar aí?

EARL - Não muito.

Walter joga mais ar p/ dentro.

WALTER - Melhorou? Está ótimo.

Batidas apressadas na porta.

BENSINGER - Quem trancou a porta?

WALTER - Quem é?

HILDY - Bensinger. Dono da escrivaninha.

BENSINGER - Abra a porta!

WALTER - Como é o nome dele?

HILDY - Bensinger, do "Tribune".

WALTER - Do "Tribune"?

BENSINGER - Quem está aí?

Walter abre. Bensinger entra.

BENSINGER - Olá, Sr. Burns.

WALTER - É uma honra tê-lo aqui.

HILDY - Olá, Bensinger.

BENSINGER - Você me conhece? Desculpe, só queria...

WALTER - É coincidência vê-lo hoje, não?

BENSINGER - Como assim?

WALTER - Falei sobre você esta tarde.

BENSINGER - É mesmo? Nada de mal, espero.

WALTER - Ao contrário! Ótima a matéria do seu jornal.

BENSINGER - Gostou do poema?

WALTER - O poema? Era ótimo.

BENSINGER - Gostei do final. "E tudo está bem, fora da cela mas ele ouve o carrasco chamar... O som da forca... E as lágrimas da sua mãe"

WALTER - É de cortar o coração. Quer trabalhar comigo? Precisamos de alguém como você. Só temos ignorantes como ela.

BENSINGER - Fala sério?

WALTER - Espere um pouco. (ao telefone) Duffy, vou mandar o Sr. Bunsinger vê-lo.

BENSINGER - Bensinger.

WALTER - Mervyn, não é?

BENSINGER - Não, Roy V.

WALTER - Claro. Roy V., o poeta. (ao telefone) Claro que não conhece. Nem conhece Shakespeare! Quero que o contrate. (A Ben) Quanto ganha no "Tribune"?

BENSINGER - US$ 75.

WALTER - Pago US$ 100. Dê o que ele quiser, certo? Quero que escreva uma matéria do ponto de vista do fugitivo. Ele se esconde, com medo dos sons, das luzes. Ele ouve passos, o coração dispara. Um animal acuado.

BENSINGER - Estilo Jack London? Vou pegar o dicionário de rimas.

WALTER - Não precisa rimar.

BENSINGER - Fico muito grato. É muito... Se tiver vaga para correspondente de guerra, falo francês.

WALTER - Vou me lembrar. (colocando-o para fora da sala).

BENSINGER - Bonjour.

Fecha a porta.

WALTER - "E as lágrimas da mãe". É o máximo! (ao telefone) Bensinger vai procurá-lo. Mande-o escrever poesias. Não, não o queremos. Enrole-o até a edição extra. Depois, mande-o embora!

HILDY - Seu traidor!

WALTER - É uma lição. Não vai deixar o jornal sem avisar.

HILDY - Você! Trai todo mundo. Espere. Eu me lembrei. Bruce não volta. Vai pegar o trem das 21 h.

WALTER - Então já partiu. Não fique aí parada. Continue. Tem de estar tudo pronto quando Butch chegar.

HILDY - Estragou minha vida! O que vou fazer?

Walter nem presta atenção, está medindo a janela.

WALTER - A janela é pequena. Teremos de carregá-la.

HILDY - Que idiota! Vão dar meu nome a ruas...

WALTER - Já descansou. Ao trabalho.

HILDY - Não vou...

Batem à porta.

WALTER - Quem é?

LOUIE - Sou eu, Louie.

Walter abre a porta. Louie entra, todo desalinhado.

WALTER - Louie! O que aconteceu com você?

HILDY - E a Sra. Baldwin?

LOUIE - O que aconteceu? Estávamos na Western, a mais de 100 km...

WALTER - Desembucha!

LOUIE - Estou contando! Batemos num carro da polícia.

HILDY - Ela se machucou?

LOUIE - Um carro cheio de tiras. Eles saíram aos montes.

HILDY - O que fez com ela?

LOUIE - Quando me vi estava na 34.

HILDY - Estava com ela, não? Num táxi.

LOUIE - O chofer desmaiou.

WALTER - Dou-lhe uma senhora e a entrega aos tiras!

LOUIE - Como assim? Os tiras estavam na contramão!

WALTER - Ela deve estar dando escândalo na delegacia.

LOUIE - Não muito, entendem?

HILDY - Não me diga. Ela morreu?

LOUIE - Eu, com uma arma e uma velha seqüestrada não ia ficar fazendo perguntas a tiras.

HILDY - Morta! Isso é o fim!

WALTER - É o destino. O que tiver de ser, será.

HILDY - O que vou dizer a ele? O que vou contar?

WALTER - Se ele a ama mesmo, não terá de dizer nada. Preferia que a velha trouxesse a polícia para cá?

HILDY - Eu a matei. Sou responsável. Como vou encarar Bruce de novo?

WALTER - Olhe para mim.

HILDY - Estou olhando, assassino!

WALTER - Se fosse minha avó, eu continuaria pelo jornal!

HILDY - Louie, onde aconteceu?

LOUIE - Western com 34.

HILDY - Preciso ir...

WALTER - Podemos fazer mais aqui! Calma. Ouça... (Telefone toca. Walter atende) Alô?

Hildy pega o outro fone.

HILDY - Maine, 4557.

WALTER - Quem? Butch, onde está?

HILDY - Hospital Mission? Recepção.

WALTER - Você nem começou?

HILDY Chegou uma senhora aí? Mas é caso de vida ou morte! Ninguém?

WALTER - Não estou ouvindo.

HILDY - Morningside 2469.

WALTER - Quem? Fale alto. O quê? Não pode ir namorar agora! Não importa que esteja atrás dela há 6 anos. Corremos perigo! Vai deixar uma mulher se meter entre nós?

HILDY - Alguma senhora deu entrada aí?

WALTER - Eu poria meu braço no fogo por você. Não pode me trair!

HILDY - Pode olhar? Está bem. Eu falo com ela. Boa Noite.

WALTER - Escute.. não pode impedi-lo de cumprir o dever! O quê? Repita isso, e eu vou até aí quebrar seus dentes! Ouça...

HILDY - Ela desligou.

WALTER - O que eu disse? Duffy por aí com uma...

HILDY - Cale-se! Estou tentando ouvir!

WALTER - Quanta colaboração. Duffy! Onde ele está? Diabetes. Não devia ter contratado um doente!

Louie entra.

WALTER - É com você.

LOUIE - O que quiser.

WALTER - Saia. Chame uns caras. Qualquer um. Ofereça o que quiser. Temos de levar a escrivaninha.

LOUIE - É importante?

WALTER - Você é meu melhor amigo.

LOUIE - Também gosto de você.

WALTER - Não falhe. Confio em você.

LOUIE - Você me conhece, chefe.

WALTER - Não bata em nada.

Louie sai. Walter fecha a porta.

WALTER - Esse imigrante vai me ferrar, vai ver.

HILDY - Tente de novo.

WALTER - Se demorar, nós carregamos.

HILDY - Faça o que quiser.

WALTER - Há várias maneiras. Podemos iniciar um incêndio.

HILDY - Estou pouco ligando.

WALTER - Veja se conseguimos levantar.

Hildy continua ao telefone.

HILDY - O quê? Ninguém? Tudo bem.

WALTER - Vai me ajudar?

Hildy desliga o fone, pega sua bolsa e abre a porta.

HILDY - Não!

WALTER - Quer que destrua minha coluna?

HILDY - Vou achar a Sra. Baldwin.

WALTER - Não abra a porta!

HILDY - Vou até o necrotério...

Os repórteres e Hartwell aparecem. Eles a impedem de sair.

REPÓRTERES - Queremos falar com você!

HILDY - Soltem-me! O que é isso? Tirem as mãos de mim!

HARTWELL - Olhe aqui...

WALTER - Ei, você!

HARTWELL - Eu?

WALTER - O que pretende invadindo assim?

HARTWELL - Não me interessa quem é, nem de que jornal é editor.

HILDY - Soltem-me! Por favor, aconteceu algo com minha sogra!

REPÓRTER - Vai atrás de Williams. Trancou a porta.

HILDY - Não sei. Houve um acidente.

HARTWELL - Está acontecendo algo muito estranho aqui.

WALTER - Um momento, Hartwell. Se tem alguma acusação a fazer, faça direito... ou pedirei que se retire.

HARTWELL - Vai me pedir o quê?

WALTER - Retire-se!

HARTWELL - Tranque a porta e não deixe ninguém entrar ou sair. Veremos! Mostre para ele.

REPÓRTER - Faça-os falar.

HARTWELL - Vou chegar ao fundo disto. Vai falar ou não?

HILDY - O que quer que eu diga?

HARTWELL - O que sabe sobre Williams? Levem-na daqui.

HILDY - Não ousem me tocar.

Quando a pressionam, a arma cai.

HARTWELL - Ela está armada! Peguem!

Hildy pega a arma do chão e a joga para Walter.

HILDY - Não! Walter!

Walter pega a arma, mas Hartwell a pega.

HARTWELL - Eu fico com a arma. Onde arrumou isto?

HILDY - Posso ter uma arma.

HARTWELL - Não esta.

WALTER - Posso explicar. Como ia entrevistar Williams, dei a arma para ela se defender.

HARTWELL - Deu? Muito interessante. Mas foi a arma que ele usou!

REPÓRTERES - O quê?

WALTER - Acha que estou mentindo?

HARTWELL - Conheço minha arma.

REPÓRTERES - Foi assim que Williams a conseguiu!

HARTWELL - Ela a conseguiu com Williams. Onde ele está?

REPÓRTERES - Onde ele está?

HILDY - Está perdendo tempo.

HARTWELL - Vou lhe dar 3 minutos!

HILDY - Ele foi ao hospital falar com o médico levando marshmallows.

HARTWELL - O que sabe sobre isso?

WALTER - Meu caro, o "Post" não obstrui a justiça nem esconde criminosos.

HILDY - Devia saber disso.

HARTWELL - Você está presa. (a Walter) Você também.

WALTER - Quem está preso? Seu espiãozinho insignificante, sabe o que está fazendo?

HARTWELL - Você e o "Post" estão obstruindo a justiça. Receberá multa de US$ 10 mil.

WALTER - Não verá a cor disso.

HARTWELL - E vou confiscar os bens do "Post". A escrivaninha é sua?

HILDY - Não!

WALTER - Do que tem medo? Eu o desafio a tirá-la daqui! Tente.

HARTWELL - Vou mesmo.

WALTER - Se tirá-la daqui, eu o ponho atrás das grades!

HILDY - Ele pode!

WALTER - Até Roosevelt ficará sabendo.

HARTWELL - Vamos lá, pessoal! Peguem esta escrivaninha.

WALTER - Última chance. Será crime federal. Vocês serão cúmplices.

REPÓRTERES - Vamos arriscar.

Os repórteres se preparam para pegar a escrivaninha, mas param ao ouvir batidas na porta. Entram dois policiais acompanhando a Sra. Baldwin.

HILDY - Mãe, você está bem?

SRA. BALDWIN - Foi aquele homem ali!

WALTER - O que está havendo?

POLICIAL #1- Ela diz que foi sequestrada.

SRA. BALDWIN - Eles me arrastaram...

WALTER - Um momento!

HARTWELL - Ele tem algo a ver com isso?

SRA. BALDWIN - É o responsável. Mandou me sequestrarem.

WALTER - Desculpe, refere-se a mim?

SRA. BALDWIN - Sabe que foi você!

HARTWELL - E essa? Sequestro?

WALTER - Tentando me incriminar? Nunca vi essa mulher!

SRA. BALDWIN - Não acredito! Eu estava aqui quando a moça pulou da janela!

HARTWELL - Chamem o prefeito!

WALTER - Seja honesta. Se encheu a cara e se meteu em apuros, por que não admite em vez de acusar inocentes?

SRA. BALDWIN - Como ousa falar assim comigo?

HILDY - Ele é meio louco.

SRA. BALDWIN - E tem mais sei porque ele o fez. Estava escondendo um assassino aqui!

TODOS - Escondendo? Aqui!

WALTER - É uma mentirosa e sabe disso!

Walter bate 3 vezes na escrivaninha. Earl também bate 3 vezes. Todos se surpreendem.

REPÓRTERES - O quê? Ele está aí!

HARTWELL - Me dê a escrivaninha!

Os repórteres correm a fazer ligações.

Hartwell saca sua arma e mira na escrivaninha.

HARTWELL - Afastem-se! Ele pode atirar! Peguem as armas.

HILDY - Ele não é perigoso.

HARTWELL - Não arrisquem.

HILDY - Ele não vai machucar ninguém. Estão com a arma dele.

SRA. BALDWIN - Tirem-me daqui.

WALTER - Sua velhota!

HILDY - Mãe! O que houve?

Sra. Baldwin sai da sala em desespero. Lá fora Louie a encontra.

WALTER - Hildy, Chame Duffy!

HARTWELL - Todos, apontem para o meio.

HILDY - É homicídio.

HARTWELL - Carl, Frank, um de cada lado. - É agora! Está cercado. Vou contar até 3.

REPÓRTER (ao telefone) - É quente! Um.

HARTWELL - Prontos para uma emergência!

REPÓRTER - Está quase. Dois.

HARTWELL - Três. Abram! Pegamos você.

Abrem a escrivaninha. Earl está deitado, cansado.

EARL - Podem atirar.

HARTWELL - Saia!

REPÓRTER (ao telefone) - Williams foi capturado. Estava escondido no prédio.

HARTWEL - De pé. Cuidado. Não faça nenhuma gracinha.

Earl sai da escrivaninha e os policiais o guiam para fora da sala.

REPÓRTER (ao telefone) Estava inconsciente. Lutou, mas a polícia o dominou.

OUTRO REPÓRTER - Não ofereceu resistência.

OUTRO REPÓRTER - Quis atirar, mas a arma falhou.

WALTER - Duffy, o "Post" entregou Williams ao xerife!

HARTWELL (ao policial) - Algemem essas pessoas.

O policial algema Hildy a Walter. Todos saem da sala, exceto um policial, Hartwell, Hildy e Walter. O prefeito entra.

PREFEITO - Chame o diretor, rápido. (A Walter) Vai desejar não ter nascido.

WALTER - Vou?

PREFEITO - Bom trabalho. Estou orgulhoso. Você entregou as mercadorias? (a Walter) Quem diria! Ajudando um fugitivo. E uma acusação de sequestro. O quê? É a cadeia. 10 anos para cada um.

WALTER - Está na hora de sair da cidade.

PREFEITO - Isso não vai ajudá-los. Estão ferrados.

HILDY - O último homem que me disse isso cortou a garganta.

PREFEITO - É mesmo?

WALTER - Já estivemos em apuros piores. Esqueceu do poder que sempre cuida do "Post".

PREFEITO - Não está com você agora.

WALTER - Diga, Hildy.

HARTWELL (ao telefone) Aqui é Hartwell. Eu o peguei. Sozinho. Daremos andamento ao enforcamento.

WALTER - Ficará no cargo mais dois dias.

HILDY - E vai meter o nariz.

PREFEITO - Vou dizer o que farão. Vão fazer vassouras na prisão.

HARTWELL - Joe, é Hartwell. Venha logo. Quero que colha o depoimento dos criminosos.

WALTER - Chame Liebowitz.

HARTWELL - Advogados não vão ajudar.

WALTER - Está falando com o "Post". O poder da imprensa! Homens mais importantes que você o conhecem: presidentes, reis...

PETTIBONE entra na sala.

PETIBONE - Aqui está a comutação.

PREFEITO - Vá embora!

PETTIBONE - Não pode me subornar.

HARTWELL - Saia daqui!

PETTIBONE - Não, aqui está a comutação!

WALTER - O que?

Walter pega e lê a comutação.

PREFEITO - Tire-o daqui.

HILDY - Espere aí. Quem quis suborná-lo?

PETTIBONE - Não quiseram aceitar isso.

PREFEITO - Louco!

WALTER - Não disse? Um poder invisível!

PREFEITO - Como ousa inventar isso?

HILDY - Tentar enforcar um inocente para ganhar a eleição? É homicídio.

PREFEITO - Nunca o vi antes.

PETTIBONE - Se eu contar à minha esposa...

HILDY - Como se chama?

PETTIBONE - John Pettibone.

HILDY - Quando veio entregar isto? Com quem falou?

PETTIBONE - Tentaram me subornar.

HILDY - Quem?

PETTIBONE - Aqueles. Eles.

PREFEITO - Absurdo! Ele fala como uma criança.

WALTER - Da boca de um bebê.

PREFEITO - Ele é louco ou bêbado. Se o enforcamento foi suspenso, fico muito satisfeito, não é, Pete?

HILDY - Enforcaria a mãe para se reeleger.

PREFEITO - É uma coisa horrível de se dizer, Srta Johnson.

WALTER - Você é ótimo! Você é inteligente.

WALTER - Vamos ouvir a sua história.

PETTIBONE - Há 19 anos me casei com...

WALTER - Pule essa parte.

PETTIBONE - Ela não era Sra. Pettibone...

PREFEITO (olhando o papel) Xerife, o documento é autêntico. A pena foi comutada. Não haverá necessidade de derramamento de sangue.

WALTER - Guarde isso para o "Tribune".

PREFEITO - Tire as algemas dos meus amigos.

WALTER - Estou surpreso! Como pôde fazer isso?

Hartwell retira as algemas de Hildy e de Walter.

PREFEITO - Walter, não sabe como me sinto... Pete não tem desculpa.

HARTWELL - Estava cumprindo meu dever.

WALTER - Claro. (A Pettibone) Como é mesmo seu nome?

PETTIBONE - Pettibone. A foto da minha esposa.

Pettibone começa a procurar uma foto da esposa.

PREFEITO - Muito bonita.

PETTIBONE - Ainda não a viu.

PREFEITO - Mas é bonita.

PETTIBONE - É boa para mim, mas se eu contasse...

PREFEITO - Entendo perfeitamente. Sendo prefeito...

WALTER - Só por mais 3 horas.

HILDY - A edição especial pedirá que renuncie.

WALTER - E sua prisão. Vão pegar uns 10 anos cada.

PREFEITO - Não tome decisões precipitadas. Pode acabar sendo processado.

HILDY - Vai se atritar com o governador.

PREFEITO - Ele e eu nos entendemos bem.

HARTWELL - Eu também.

PREFEITO - O que, seu idiota? Sr. Pettibone, venha. Vamos entregar isso ao diretor. Pete!

PETTIBONE - Se eu contar à minha esposa

WALTER - Não será preciso. Espere até eles lerem o "Post" de amanhã.

Pettibone, o Prefeito, Hartwell e o policial saem de cena.
Walter faz uma ligação.

WALTER - (ao telefone) Chame Duffy.

HILDY - Foi a nossa pior encrenca.

WALTER - O que? Chame-o!

HILDY - E quando roubamos o estômago de lady Haggerty do legista?

WALTER - Ele nunca está lá.

HILDY - Provamos que foi envenenada. Tivemos de nos esconder uma semana, lembra? O Hotel Shereland. Foi onde nós...

WALTER - Podíamos ter sido presos. Talvez seja um ramo perigoso. Vai se dar bem. É melhor ir.

HILDY - Para onde?

WALTER - Para Bruce, claro.

HILDY - Sabe que ele foi embora.

WALTER - Ligue. Ele irá esperá-la. Vá andando!

HILDY - O que há com você?

WALTER - (AO TELEFONE) Espere um pouco. (A Hildy) Não entende? Estou tentando fazer algo nobre. Vá antes que eu mude de idéia. É duro o suficiente! Espere. Mande um telegrama. Ele estará esperando.

Walter entrega a bolsa a Hildy.

HILDY - Quem vai escrever a matéria?

WALTER - Eu. Não ficará tão bom...

HILDY - A matéria é minha, eu queria... Finalmente! Já entendi! A mesma encenação. Tentando me mandar embora para eu querer ficar.

WALTER (Ao telefone) - Sim. Sei que mereço isso. (ao telefone) Um momento. (a Hildy) Mas agora está errada. Quando sair, parte de mim irá com você. Mas será tudo novo para você. Debochei de Bruce, Albany, sabe por quê?

HILDY - Porque?

WALTER - Ciúmes! Ele pode te oferecer uma vida que eu não posso. É o que você quer.

HILDY - Posso ficar, redigir a matéria, pegar o trem amanhã...

WALTER - Esqueça. Vamos. Adeus e boa sorte. (Ao telefone) Duffy? Até agora... (outro telefone toca) Um momento. Alô? Quem? Hildy Johnson?

Acaba de sair.

HILDY - Ainda estou aqui. Eu atendo. (pega o fone) Hildy Johnson. 4° distrito? Pode chamá-lo. Achei que estivesse indo para Albany! Por quê? Dinheiro falso! Um momento. Onde o arrumou? Eu dei para você! Vou tentar fazer algo.

Hildy desliga o telefone e começa a chorar.

WALTER - Querida, não chore, por favor. Não queria fazê-la chorar. Você nunca chorou antes.

HILDY - Pensei que fosse me mandar para o Bruce. Não sabia que tinha mandado prendê-lo. Pensei que estivesse sendo sincero. Pensei que fosse me deixar ir embora sem fazer nada.

WALTER - Acha que sou burro?

HILDY - Pensei que não me amasse.

WALTER - O que estava pensando?

HILDY - Não sei.

WALTER - Por que estamos aqui falando? Temos de tirá-lo da prisão. (ao telefone) Mande Louie com dinheiro de verdade para ele ir para Albany. Claro. Diga a Louie para esperar. Estamos indo para o escritório. Não se preocupe, Hildy vai escrever. Ela não vai embora. Vamos nos casar.

HILDY - Podemos ter lua-de-mel?

WALTER - (A Hildy) Claro. (ao telefone) Você será editor-gerente. Só durante a lua-de-mel. Não sei. (a Hildy) Para onde vamos?

HILDY - Niagara Falls.

WALTER - (ao telefone) Niagara Falls.

HILDY - Duas semanas?

WALTER - Claro. Você merece. (ao telefone) O quê? Greve? Que greve? Onde? Albany? Sei que é caminho. Passaremos a lua-de-mel lá. Tudo bem!

(desliga)

HILDY - Que coincidência! Talvez Bruce nos hospede.

WALTER - Não carregue essa mala!

Walter e Hildy saem de cena.

FIM